sábado, novembro 15, 2003

Despertar II

hibernei.
adormeci numa noite de nevoeiro. ninguém me levou a mal. se eu decidi é porque estava bem assim.
confesso que a vestimenta era aquela roupa da super mulher que todos me ofereciam ...deixei que os vermes a corroessem...hehehehe

acordei hoje com cheiro de terra, só trago umas cuecas de algodão esburacadas ...
acho que já tenho a mala pronta para o Brasil.


( e algum álcool no sangue)

muitos mimos Thelma e um bom fim de semana em Londres. Não te esqueças de sorrir pelas ruas.
Sabes que o tempo quando dói é devagar.


Despertar

Cada dia me parece mais lento do que o anterior. Um dia irei acordar deste hibernar. Martar-me-a' a verdade de ter faltado a' vida?

sexta-feira, novembro 14, 2003

Terras Quentes

Janto sozinha num restaurante grego. Ao meu lado, japoneses e alemaes, concentrados na sua degustacao. Pego num guardanapo de papel, para esta escrita me fazer um pouco de companhia. E penso que gostaria de ter um encontro imediato.

Passado um pouco, senta-se na mesa colada a minha, uma negra tambem sozinha. Elegante e sobria. Metemos conversa. E' da Zambia, veio passar uma semana de ferias sozinha. Tem tres filhos e de vez em quando passa umas ferias sozinha para descansar. Se tivesses filhos percebias... Porque nao tens filhos? Fico engasgada, nao sei o que responder. Bem, falta-me homem, mas tambem ja os tive, sei la' ... Sou evasiva, nao me apetece ter uma conversa profunda.

Pergunta-me se quando viajo sozinha, os homens se metem comigo. Digo que normalmente nao. Em Italia, sim. Em Italia nao se consegue estar so'. Estranha que ninguem se meta com ela. Na Zambia chega a ser cansativo.

Entretemo-nos a partilhar generalidades de Portugal e da Zambia... A Sida, um grande problema, diz com olhos preocupados. Quase no fim, sentam-se ao nosso lado uns paquistaneses. Metem conversa, convidam-nos para sair. Declino, que estou cansada, que quero ir para o hotel. Ela fica. Terras Quentes...

Telefono a' Louise, conto-lhe e digo-lhe como tudo isto e' tao caricato. Estou sozinha com uma vontade enorme de ter companhia, uma aventura, mas fujo. Desafio-a, a fazermos ferias juntas la para Janeiro. Brasil? Ela alinha. Terras Quentes...





Sigmar Polke: History of Everything

Se forem a Londres ate 4 de Janeiro nao percam esta exposicao na Tate Modern.
Aqui ha mais informacao

quinta-feira, novembro 13, 2003

Tempos Modernos

o tempo também adoece

o tempo fica instável, febril

o tempo como costumam dizer é precioso......

imaginem que podiam abraçar o tempo.....é o que eu vou fazer. mandar uns "ósculos" de melhoras para o tempo, i.é, para os tempos modernos MISS JONES!

quarta-feira, novembro 12, 2003

Escrita solta escreveu

dormir em cadeirinha em posição fetal. como gémeos que não somos. porém muito próximos como se tivessemos nascido juntos ainda que amanhã. aninhados numa cama barriga. grávida de mundos. de entendimentos silenciosos. de sons quentes. um lençol é imprescindível para garantir que estamos sós. que somos um só. descobertos somos também dos outros. da boca de cena. é por detrás do pano que somos. que acalmamos as horas passadas e tornamos o tempo uma âncora no céu.

Louise escreve

O lençol é branco porque neva lá fora. Não quero estar na arena do circo exposta mas no caso de desamparada ficar, quero estar protegida pela cor que me liga ao exterior. É a idade que me faz pensar estas coisas. Por isso também tenho cabelos brancos. Fumamos demais e metidos dentro um do outro, com os pulmões a arder, mesmo grávida de nós não consigo evitar esta tosse profunda que vai abrindo frinchas nas minhas costelas.
Depois vou serenando e as olheiras como na banda desenhada passaram de cinzento a cor da pele. é o tempo quente.

hoje nasci assim

a minha voz ausente. a minha boca fechada. abri os olhos e vi que era uma árvore. como pude fazer esta descoberta hoje e só hoje. não sei. fiquei muda de espanto. e o espanto rapidamente se transformou em melancolia. recordo agora que houve incêndios. eu sou uma árvore esguia. já tive muitas raízes. umas foram-se embora , sentiram-se atraiçoadas, outras morreram porque tinham que morrer, apodreceram. não caio porque me sobrou um raiz que se tem tornado mais delgada mas também mais comprida porque tem que perfurar este terreno de cinzas. sou alta , elegante mas estou só. Se continuar a crescer assim não sei , sou dada a vertigens, talvez acabe por cair. Se calhar um dia mandam plantar outras árvores por aqui. Dependo da política florestal. Se elas chegarem , posso estar tão fraca que ao tombar mato algumas. não queria morrer a matar. hoje nasci assim.

terça-feira, novembro 11, 2003

Mind the Gap

Lembrar as diferencas? Nao. Lembrar o que uniu. Lembrar o acordar. Lembrar o som da musica. Lembrar as maos. Lembrar a intimidade. Lembrar.

Desculpem mas onde escrevo nao exitem caracteres portugueses

O vómito

acabam de me comunicar que marcaram uma reunião para sexta ao fim da tarde, e eu estou convidada!

confirmam-me que sexta tenho um jantar de trabalho!

relembram-me que sábado tenho uma acção de formação fantástica!

eu só sinto o vómito perante tais notícias.

devem ser as vantagens de ser trabalhadora independente...


segunda-feira, novembro 10, 2003

.........

aninhada na cama, vou adormecer esta vida em reboliço

não quero mais estes olhos esbugalhados

A dependência é uma besta que dá cabo do desejo e a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo.

jorge palma

Da tua casa à minha

são 500 kms certinhos. dizes isto com um ar satisfeito.

dizes que sou extravangante e eu explico que temos referenciais, vidas tão diferentes...tento justificar-me.

procuramos muitas vezes no outro referências que nos acalmam, que nos aconchegam. No nosso primeiro almoço, empinei o nariz desenvolta no meu ar apressado e firme. E sorri, a pensar que nunca me entenderias, que fazias parte de um outro universo. fui pretensiosa, ciosa da minha "mais-valia".

2 anos passados. viajo sózinha. envio-te um sms a perguntar se posso ligar.
falamos sem timidez. vens ter comigo?

Enfio-me num hotel, mergulho na piscina e as imagens de ti acompanham as braçadas.

apetece-me ostras p´ro jantar- dizes tu e soa-me a recordação, a intimidade.

hoje aprendi a não querer estar com quem penso que me identifico. quero estar com quem me sinto bem. por mais bizarro que possa parecer, não é um processo fácil. começo a ter outro sorriso, abandono o sorriso cínico e troco por um sorriso ternurento quando contemplo as diferenças abissais entre nós.

Quando me dizes,acho que colmatamos as nossas diferenças com muita ternura e respeito.

Acho que tens muita razão. Daqui a 2 anos quando te ligar, tu vens ? se me ligares amanhã eu vou.