sábado, janeiro 10, 2004

Vôo

© 2002 by Richard Fein

uma vezes voamos baixinho, tal planador sem motor, outras a pique, seduzidos pelo delírio. nascemos passáros, amantes da brisa refrescante. que o medo não trave o movimento mas aperfeiçoe a dança dos amantes. como um sereno, maduro, mas apaixonado artífice.

Entretanto, escuto o barulho das ondas.

O meu comentário ao texto escrito pela Eugenia

Alçamos vôo não apenas porque temos asas,
mas porque o vento sopra-nos os cabelos,
o temor não nos perpassa a alma,
e sabemos a duração da vida.

Eugênia Fortes

quinta-feira, janeiro 08, 2004


Darren H.

Agora que o vento parou
existe alguém,
teme
que eu me perca.
não sabe das minhas noites serenas
noites serenas nos meu lábios cerrados
cerrados sem esforço, sem rugas vincadas
estou na noite do sono do sonho
para alguém
estou na noite indecifrável

devagarinho

de manhã tive medo que me achasses feia
embora a roupa me prendesse os movimentos, fugi.
Mais tarde tive medo que descobrisses o meu fado
E o meu fado é estar só. Não desfaças a tua mala para viveres ao meu lado.
Entra devagarinho em mim, que eu não sei se sou capaz.

quarta-feira, janeiro 07, 2004

No fio da navalha

Ficámos deitados, mergulhados num silêncio incómodo, à espera daquilo que se seguiria. Nesse momento não éramos amigos nem amantes. Fora da esfera do sexo, não tínhamos verdadeiro acesso um ao outro. Sentia o peso da infelicidade de Erich tal como um mergulhador sente o peso do oceano, mas não podia ajudá-lo. Era esse o preço a pagar por termos dormido juntos antes de nos conhecermos - partilhávamos uma intimidade desprovida de conhecimento ou afecto.

Uma casa no fim do mundo - Michael Cunnigham

terça-feira, janeiro 06, 2004

A sustentável leveza do ser

Rumámos a sul. Jantámos com amigos. Não estabeleci objectivos, não fiz pedidos, estive ao sol, li um bom livro, estive contigo – louise, senti-me bem. Será essa a fórmula, não criar expectativas, estar entre amigos e viver os pequenos nadas?

(Segunda-feira trabalhei de olhos fechados
na terça-feira acordei impaciente
na quarta-feira vi os meus braços revoltados
na quinta-feira lutei com a minha gente
na sexta-feira soube que ia continuar
no sábado fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)

Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas

Sérgio Godinho

domingo, janeiro 04, 2004

Não me chames pequenina

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