quinta-feira, março 25, 2004

Primavera
hoje havia tanta luz que o brilho do dia banhou algumas fendas. sorri.
Guardei essa fotografia para que me possa lembrar que é também no pintar dos dias
que se vai vivendo.

segunda-feira, março 22, 2004

Música


A música que ouço depois de jantar não é um lenitivo do silêncio, mas algo semelhante à sua substancialização: ouvir música uma ou duas horas todas as noites não me priva do silêncio: pelo contrário, a música é o silêncio a tornar-se realidade.

A Mancha Humana - Philip Roth

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Para mitigar a noite. um dedo. polegar entretido, a construir círculos nos olhos. a sentir o tempo.
Tonto polegar que alisa rugas nos olhos no sonho de alguém.

o que é importante

Sei que sem essa cortina ficaria mais frio aqui. Quando tenho mais medo, essa conspiração de que falas é minha convidada.
quando abro a cortina ou quando me escondo debaixo dela. uma constante despercebida.
não interessa se escrevemos e damos um nome –conspiração- ao mesmo. Falo da minha, dos meus sentires, dos meus sentidos, do meu corpo em resposta activa.
tudo imbricado. o meu consciente e inconsciente O eu. O eu a ler a paisagem com a cortina fechada.
Falemos de hoje.
hoje. o que levo para debaixo da cortina.
estas palavras. são uma leve transparência do dia, para quebrar desvarios, para acalmar a alma.
excesso de informação no sentido lato. porque me meti num desafio que envolve leituras e mais leituras e entrar num outro mundo. chamado ódio criativo.
vontade, vontades reprimidas, porque não fiz a mala e não sei se a saudade existe.
o que é importante.
Um peso, um peso que hoje corcunda não me faz.
Aprenderemos a respirar pelas fissuras da parede. pergunto.
Para suavizar, vamos dar um nome à parede: cortina.