sábado, dezembro 20, 2003

Não sei mesmo lidar com a minha rinite alérgica


mas adoro a moca dos anti-histamínicos.

(beijinhos a todos, o meu concerto correu bem obrigada, o gajo que me assaltou o carro, hoje passou a pedir um cigarro, .......... tudo em harmonia ... . amanhã vou ao circo à procura do meu acrobata.
adorei disparatar )
eu não devia escrever a esta hora...

Não sei mesmo lidar com certo tipo de pessoas!
(como pequenos incidentes viram grandes tempestades)

Acabo de vir do parque de estacionamento das Amoreiras, sim do parque de estacionamento pois como verão com o meu relato, acabei por desistir das compras.

Pois então ia eu, forçada a fazer as compras de natal como manda a tradição. Gostava de ser como dizia o anúncio do whisky J&B, mas enfim. O parque estava quase completo. Os carros na cave rodavam em fila ainda que circulante, dispersando-se pelas várias ruas. Encontrei uma senhora com um bebé num carrinho e muitas compras. Calmamente espero que ela introduza tudo no carro, o que demora bastante tempo. Quando a senhora vai para sair, escuso de contar o resto não é... pois foi, como eu tinha que fazer marcha a trás, outro carro consegue entrar ainda que não completamente, pois eu claro impedi um pouco.

A Senhora do carro que estava a sair apercebe-se da situação e ainda pára, a gesticular que eu estava primeiro. Saio do carro e vou ter com a outra pessoa, digo-lhe o óbvio, que estava primeiro e que ela tinha que sair. Bem não era uma ela, era uma ela e um ele, com uns modos, aspecto, atitute e educação que imaginam.

Eles dizem-me que não tiram o carro. Eu, pensando que obviamente não podia permitir que beneficiassem de tal selvajaria, disse-lhes, calmamente e como quem tem todo o tempo do mundo, que por mim estava bem, se eles não tiravam o carro, também dali não saíam, pois iria impedi-la de sair pela porta (sim pensei eu, sou uma rapariga alta e teria capaciadade de a impedir de abrir a porta).

É nesta altura que ele saí pela porta do acompanhante e se dirige a mim. Bem, o detalhe da conversa, escuso de contar vocês imaginam. Eu só penso que ela não pode beneficiar da situação, que não me vai fazer medo e que não vai impôr a lei da força. Tento argumentar, mas já estou muito enervada (depois de uma semana de trabalho intensíssimo e de 4 horas de sono nesta noite, imagino que seja pedir demais manter a cabeça fria).

Ela, imagino, que percebendo que poderia dar confusão, diz que é melhor chamar a policia. É nesta altura, que num momento de lucidez, consigo ver toda a situação com um distanciamento frio, como se num cinema estivesse (recordo A volta no parafuso de Henry James) e vejo todo o ridículo. Pertecemos a mundo diferentes com lexicos e valores distintos. Por mais que eu argumentasse e pressionasse, a lógica de análise das minhas palavras, da situação, pelo outro, era distinta e a resposta, codificada noutra linguagem.

Aí, a parte racional do meu cérebro lembra-se das teorias dos jogos de negociação, iríamos ambos perder e com o tal distanciamento, volto para o meu carro. Reparo no Senhor que estava no carro atrás do meu, que tendo estado também à espera de um outro lugar que entretanto estava livre, me olha com um olhar calmo, empático, e me ofereçe o seu lugar. Agradeço mas insisto que seja ele a arrumar. Insiste simpaticamente. Agradeço novamente mas declino.

Entro no carro e num estado de calma e ira que antecedem as grandes tempestades releio tudo novamente. A minha perturbação paralisa-me. Sinto que o meu bom senso e sentido prático imperou, prosseguir não teria resultados positivos. No entanto, sinto uma revolta pois penso que contribui para perpetuar a injustiça e a violência. Esta "senhora" e "senhor" na próxima vez terão os mesmos comportamentos, pois os resultados na sua óptica são positivos.

Penso que não posso disistir e contribuir para a perpetuação da injustica e violência. Mas não sou justiceira, evito a violência e a parte dominante no cerebro é o racional. Mas o meu emotivo, felizmente também está muito presente e sinto uma revolta. Estou imóvel dentro do carro, com todo este turbilhão na cabeça, depois de 4 horas de sono nesta noite, pouco mais nas restantes, muito, mas mesmo muito trabalho, e um dia dificil, largo-me num pranto. nao sei o tempo. mas estive mais de 5 minutos a chorar. como já não o fazia há muito.

Pensava que não era razão para tanto, felizmente a vida não me tem corrido mal e era apenas um pequeno incidente, mas foi a minha catarse. Á revolta que sinto por certo tipo de pessoas, meia-revolta que sinto por mim própria por não conseguir lidar com certo tipo de pessoas, à  revolta que sinto por poder estar a contribuir para o perpetuar de comportamentos de certo tipo de pessoas.

E para você que conseguiu ler este texto até aqui, a minha admiração pela sua paciência para escutar o outro. Estou muito mais calma do que no início de o escrever. Agora vou ler outros blogues, tomar um banho quente e deliciar-me com uma recente aquisição, BD JAZZ -colectânea de Charlie Parker mais uma BD de 16 páginas :-)

quinta-feira, dezembro 18, 2003

Actividades Radicais

Dois amantes, de cada lado da avenida.
Procuram a passadeira. Quase se tocam, lado a lado. as gabardinas até deram as mãos.
Ela atravessa com o guarda-chuva aberto a protegê-la dos olhos dos estranhos. esconde a chuva quente dos seus olhos.
Ele usa um cachecol a tapar-lhe a boca dos beijos que tardaram.

Olharam em frente, nunca para o lado. tinham medo de perder o equilíbrio.
Não são dados a actividades radicais.

É toda vossa!

Eu não gosto daquela rapariga de nome manhã, ela separa amantes, ela fere a vista a qualquer um com as suas roupas demasiado claras, não sabe ser sóbria e usar um simples vestido preto. e fala alto, com um timbre esganiçado. passa pelos homens e eles buzinam, põem-se em filas para a ver. e todos que a olham parecem envelhecidos ou então estão todos distraídos.
E depois é possessiva e ,agarra não um, não dois, mas homens sem conta e todos a reboque atrás dela. pasmados do lixo na rua.
eu não gosto de líderes, eu nunca tive um poster em adolescente de nenhum master mind pendurado sobre a minha cabeça . muito menos chamado manhã.

terça-feira, dezembro 16, 2003

Num vagar de ganso

Num vagar de ganso, aguardo o degelo do lago fósforo e sorrio. Sorrio enquanto os primeiros cristais amolecem. Num vagar de ganso e com um remoinho de penas que se soltaram com o vento, inauguro o dilacerar da garganta do lago.

domingo, dezembro 14, 2003



Achas que depois deste parto sem dor, mas assustador à vista, vou renascer com tónica…é que sem o acorde tonal todos ficaremos um pouco perdidos.

Não nascerei nota de adorno.
vou nascer de mau humor, a rosnar, a estrangular as palavras doentes,
mas num repente, abandonarei esta morbidez, este estado de delírio, de confusão mental
e com quem se vira para o outro lado da cama.
viro o rosto e vais ver um rosto sereno, com olhos de mergulho
que só quererás afagar.

e depois canta tu ao desafio comigo
eu não vou deixar o esforço fazer crescer o teu pescoço.
vou-te acompanhar num coro de vozes dissonantes, que incomodará os vizinhos mas o ar, olha cheio de compassos de serenidade. olha !