quinta-feira, junho 09, 2005

No Botsuana pensei em casar

No primeiros tempos pensei que ficaria a plantar melões. Talvez comprasse uma loja e convidaria os amigos para me visitar.
Todas as manhãs poderia pensar e sentir pena das pessoas que andam sempre a correr de um lado para outro , ansiosas com coisas que de qualquer maneira vão acontecer. Eu por mim tinha ganho a calma de ver o gado a pastar.
Numa réstia de energia, pedi emprestada uma carrinha e resolvi visitar o Bapedi. Recordava o Bapedi__a fumar. Recordava o Bapedi__ a pedir-me em casamento.
Encontrava-me nem a meio do caminho, quando uma cobra se atravessou na estrada. Uma cobra verde. Parei. Nem sinal da merda da cobra. Estaria na carroçaria ? só me vinha à memória histórias de pessoas que tinham quinado ao volante com uma mordidela “cobral”.

A estrada sossegada acolheu o meu desassossego por longos minutos. Finalmente abri o capôt com todo o cuidado. Lá estava a Naja enroscada no motor. Entrei a tremer e carreguei no acelarador com a perna a tremelicar. Heroína , cortei a naja com o motor a acompanhar o meu temor como um tenor especializado em rugidos queixosos.

E num repente pensei em ter um marido para me proteger e dar cabo de todas as cobras que se me atravessassem na estrada_______
e acabei a rir
a imaginar-me a chegar perto do Bapedi muitos anos depois______ a gritar_____Sim Sim.