quinta-feira, março 18, 2004

sob pressão

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, março 14, 2004

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Quase todas as noites
em sonhos
me visitas
nos abraçamos
nos beijamos
nos rimos juntas
Foi preciso
morreres
para te ter
fora de mim
até então
o teu corpo viveu
confundido
com o meu
Só te pari
quando um dia
te perdi.

Teresa Rita Lopes
prenda da Soledade.
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E do chão caules de água luminosa III.
Que barulho faz a chuva quando chove do chão. Um barulho quente de beijo. A vontade de encostar o rosto nessa almofada de vida sentindo as pegadas dentro dos corpos. Da terra molhada. Do núcleo incandescente. Será que Mendel conhecia os genes da alma. Pergunto-me depois de um beijo
palavras do Wilson
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Beija...
Eu beijarei... por dentro, para dentro...
palavras da isadora
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...e é sempre de assombro que se faz um beijo [com esta atmosfera interior] mesmo quando o transportamos cá dentro [em ameaça de tsunami] durante o dia, até o podermos finalmente carimbar no destinatário. E os beijos são como as cerejas...

palavras do Troblogdita