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repenicadora de beijos. escreves no caderno de notas depois de saborear as tuas rugas na boca. não julgues tu, que as quero alisar. só estava a tornar a minha vida mais doce. era puro egoísmo sem maldade.
e depois___homem__ estavas com as rugas mais vincadas do sorriso___
enquanto escrevias no teu caderno de notas___ a vida é larga (ainda que seja curta e às vezes estreita…)
(a minha musa inspiradora__hoje foste tu__ foi sem querer__aconteceu__foi por gostar de rugas.___foi por querer__foi por gostar do que escreves.)
quarta-feira, dezembro 29, 2004
ter e ser II
Deitada caminho.
Durante o dia. giro e rebolo sobre o tempo.
nascem crianças e deixo-as em casa sozinhas.
como uma mãe marcada pela ausência a Ama apodera-se de tudo que é tão pouco____ pouco a pouco.
Sejam as crianças poemas, gestos de amor, ligações, ideias. Sinto a fome alheia. Distraída pela autoridade ,só às vezes sinto__ e aí choro.
As Amas olham-me com condescendência. E cantam:
já não sabes rir alto
sombra de ti
olha o meu vestido rosado
sombra de ti
rebolar é um desporto. Existem campeonatos.
campeonatos silenciosos entre o ter e o ser.
não jogamos no mesmo campeonato. Esta aposta fodida não vos dá água na boca.
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depois de um beijo para o Jorge, depois de ter e ser :
pode-se caminhar deitado. na verdade é pouco o avançar e os braços caídos vazios mostram da paisagem a aridez e o avanço estéril. quando se repetem os círculos e o vemos ao passar por nós aquele conhecido tronco de árvore morto celebramos a inventar percursos e a fingir progressos. marcamos datas e pintamos no ar cores garridas que cheiram ao longe a falso mofo, a vinho podre. os mitos rotos que sangram riem-se e nessa luz se revela a pequenez do nosso inventar, este quase nada, tanto e tão pouco, tempo. em silêncio. sempre sempre o ter e nunca nunca o ser. que fodida aposta!
domingo, dezembro 26, 2004
Dois cadernos
dois cadernos___a prenda
e a dedicatória___ ?
I
Dois cadernos. Duas pessoas. Acredito que os homens devem viver o seu destino. Aquele que constroem. Ortega y Gasset diria que aquele que foge ao seu destino é um suicida em pé. Acredito que as pessoas podem e devem ser felizes. Todas.
II
Dois cadernos. Duas cores. Cores carregadas de viver. Pessoas. Tristeza e alegria. O ser humano. Mais escuro, caderno, mais claro, alma. Menos claro, alma, menos escuro, caderno. Gosto da cor laranja. Como a vida deveria ser.
III
Dois cadernos. Duas aventuras. Considero a nossa existência uma aventura numa montanha-russa. Só descemos algumas vezes. Com grande velocidade. Sentimos medo. Natural. Humano. A irracionalidade em todo o seu esplendor. Gosto de descer. E de quando em vez, não é mau. Mas ainda mais de subir. Sentes uma alegria enorme quando sobes. Como a intensidade do romantismo de Chopin.
IV
Dois cadernos. Duas originalidades. Ansiando pela estreia. Indivíduos. Sem relações de afecto. Relações. Interpessoais e com canetas. Cadernos com sentido. Pessoas com mais sentido. O meu sentir, dedilha o Ricardo Rocha. Estou de acordo. Somos um povo de saudade. Que não se personaliza. E ainda falamos de certas pessoas insulares. Sem comentários.
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