quinta-feira, janeiro 17, 2008

O__sim. A__sim

olá querido. sim, cheguei mais cedo.

como foi o teu dia.

ando preocupada. sim, tenho que pagar o seguro do carro. sim, o ambiente no trabalho é lamentável. O__, sim. A__, sim. mas permite-me suspirar e confessar-te que não passo de uma coquete vagabunda.

minha doce coquete vagabunda que me contas tu_

casei-me muito antes de te conhecer.

como é ele_

também um vagabundo. mas tem sido um reles vagabundo. sonho que se torne um real e grande vagabundo.

como assim, querida_

preciso que se torne tão vagabundo que consiga ir muito longe buscar o que sinto estar tão perto de mim.

Louise. afinal quem é esse vagabundo_

o meu pensamento________________________ querido, hoje também chegaste mais cedo.

O__sim. A__sim.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

menina animal______ só funciona por impulso.

assim devagar
menina não anda triste não.
menina roubou a tarde à cidade
a cidade retaliou e retirou o dia quase________todo à menina

como.
assim devagar

menina guardou o tempo no bolso.
ainda se sentido pesada
guardou as palavras no bolso
bolso tinha um buraquinho
o tempo e as palavras
um par sempre em vias do divórcio

a cidade sorri mas não sabe ler
quando vê uma menina
com um guarda chuva
a tentar apanhar palavras soltas
e tempos coloridos a sairem
por um buraquinho do seu bolso.

a menina retribui o sorriso
é ela mesma
que pondo a mão no bolso
atira à cidade cedilhas com traços e coisas como letras
com um tempo de um impulso
que ficou a dormitar no aconchego de um bolso.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Ele passou muitas tardes comigo. Na cidade todos se lamentavam porque entardecia tão cedo__a noite sem um céu estrelado dificultava muito a vida aos seus habitantes.

O Menino que retirou as rodinhas de apoio da sua bicicleta e se aventurou no primeiro percurso heróico partiu uma perna porque ao virar da esquina se fez noite.

O Homem enfastiado com o trânsito desistiu de trautear e sonhou em lhe dar umas palmadas no rabo e penetrá-la com força. Estes pensamentos acompanhavam os movimentos dos pés ora no acelerador, ora no travão. Depois o ponto final com veemência no travão como se fosse a penetração. já era noite e uma noite particularmente escura e a esposa mostrou-lhe um outro ponto final quando ele entrou e dormia profundamente com a expressão de quem não permite um acordar.

A Menina tinha três namorados na escola que queria impressionar. vestiu uma saia curta e calçou os seus sapatos de princesa. Estava pronta para as aulas da tarde. Mas de repente entardeceu e a mãe trocou o seu sonho por um comprido casaco quente.

A Mulher_____eu. passava as tardes contigo. Se te via como uma tarde translúcida na baía não sabia. Sabia que depois de te falar com os olhos cheios de ternura e de te relembrar Kafka: “ não ouças sequer, espera simplesmente. Não esperes sequer. Sê absolutamente solitário, absolutamente silencioso.”

Eu sorriria quando tu me voltasses a dizer:
"devias dar-me notícias. Não está certo esse teu silêncio. Que tens feito."
( que tenho feito. roubei a tarde à cidade___
__________________________________________
voltei a escrever, a culpa encontra-se no Blog http://escrita-solta.blogspot.com/

quinta-feira, abril 06, 2006


Sem sentir o balanço

A organização mundial de Saúde tem uma definição para Saúde do tipo "...bem estar físico e psicológico...".Estas coisas aprendi quando frequentava o antigo 9º ano. Agora quando frequento o dia-a-dia, aprendi com o Lobo Antunes que quando estamos doentes, quando estamos no estado que alguém definiu como Humanidade Ferida o que queremos é ser embalados.




(a foto é da Jenni T.)

terça-feira, abril 04, 2006

A solidão dos homens divorciados

Aos fins-de-semana quando não saio com o meu amigo Rui fico em casa a ver televisão. Descrevendo com toda a importância os pormenores do meu fim de semana,__eu começo por ler o horóscopo nas revistas, fazer o soduku do domingo anterior, mudar de canal de vinte em vinte segundos e pensar em matar-me. O problema é que assim que me levanto para tomar os cloxans todos de uma vez a minha ex mulher telefona-me a saber com quem estou, como estou, e que precisa de mais dinheiro_______ e como não é possível a gente suicidar-se e conversar com a ex-mulher ao mesmo tempo, desisto e garanto-lhe que estou óptimo, não tenho sarampo, confirmo que continuo imaculado sem fumos e continuo a emagrecer saudavelmente não comprometendo a avença para os sapatos que irão combinar tão bem com aquela carteira creme.

Desligo o telefone com um tal cansaço e uma tal dor de cabeça que a única coisa que tenho vontade é de uma migraleve e silêncio, deixo de ter garra para me suicidar simplesmente por que uma pessoa não consegue matar-se se estiver maldisposta.
Nos fins-de-semana em que saio com o meu amigo Rui procuramos um cinema que ainda não tenha fechado e se der o Benfica já temos programa. Ou então, já me aconteceu acordar num apartamento na Boavista ou até mesmo em Santarém. ( e olhem que em Santarém é difícil encontrar uma gaja na rua acho que aquela pacata vila tem por lá um quartel razão necessária e suficiente para estas se resguardarem de um apalpão ao virar da esquina)
O que me ficou mais na retina foi o último apartamento da Boavista cheio de cinzeiros que por sua vez se encontravam igualmente cheios de beatas, que me fez pensar que aos quarenta poderia desenvolver um enfisema pulmonar. Quando procurei um café, só encontrei iogurtes fora do prazo e kiwis misturados com tangerinas como se o mundo inteiro não soubesse que é meio caminha andado para estes apodrecerem.

(- Não acredito que o meu amigo Rui não conheça um rapariga como deve de ser não acredito que o Rui não conheça um rapariga como deve de ser)

Pensei que seria incapaz de utilizar essa casa de banho alheia ( até o bidé tinha cinza) mas o invólucro de um conjunto de filmes de Francois Truffaux ( ou seria Alain Resnais), deu para eu esvaziar as minhas entranhas. Este esvaziamento deveu-se não só à curiosidade da descoberta mas à solidariedade de uma aversão aos franceses que ganhei ao aceitar trabalhar num grande grupo francês num dia em que não tinha tomado cloxans.. Não, não é o Club Med mas bem que os podiam fechar,isolar,enjaular numa cena dessas a fazer comités non stop tipo o filme os Cavalos também se abatem.

Gosto gosto é do Domigo, depois de dizer que gostei muito de conhecer aquele apartamento e com toda a delicadeza bater a porta e desligar de imediato o telemóvel. Volto para ma maison ( eles tipos já me fazem dizer coisas assim) e visto o meu pijama descosido e lá vou tentando adormecer a emparelhar as meias azuis escuras e pretas à média luz tal qual um desafio cognitivo elevado. Quando este exercício não resulta, retorno a ler os horóscopos porque é sempre uma bom tema de conversa com as miúdas já que o Bergman ainda não lançou nenhum perfume ou uma sombra que perdure 24 horas.

Talvez o melhor seja começar a comprar aquelas revistas masculinas, sinto que estou a ficar desactualizado, acho que andam por aí umas, com a Cinha Jardim e a filhota em pelota. Criar um Hi-5 também pode ser uma boa ideia, mas primeiro tenho que saber o que isso é.

Importante , importante é que não fiquei mais careca este fim de semana. Vou adormecer com um sorriso nos lábios____ na parte do amor no horóscopo ( desculpem eu ser tão repetitivo) dizia que a meio da semana terei uma conversa interessante. Pode ser que seja sobre Truffaux____________________( ou nicorettes)___________

(Escrito depois de ler António Lobo Antunes - Livro de Crónicas - A solidão das mulheres divorciadas)
não resisti ao instinto malévolo da vingança.

terça-feira, janeiro 31, 2006

VAMOS TIRAR A SANTA!!

quinta-feira, setembro 08, 2005


Em João Pessoa, encontrei uma Diva.
confesso que embora seja uma pessoa chegada, expondo a sua eterna brancura de pele, o olhar não era o mesmo. Só acreditei quando li :


segunda-feira, agosto 08, 2005

Para compreender o presente é preciso conhecer o passado(amarguinha II)

Quando descobriu no histórico do I. Explorer no portátil do marido, links para dois motéis, o que sentiu__ traduziu-se naquele velho slogan__ primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Talvez estivesse na hora de se dedicar mais a esta célula familiar com o citoplasma desgastado como um casaco surrado de tanto uso.
A entranha foi tal forma, que a planeada viagem de férias foi trocada por uma viagem surpresa para a família.
O filho mais novo perdeu o medo ao banho quando se deliciou na banheira de hidromassagem e o mais velho, o medo de mergulhar (de pés) na piscina. ( escolheu a melhor tarifa, o melhor para a célula familiar)
Ela__aproveitou o colchão de água para finalmente dormir descansada.
Antes de adormecer dirigindo-se ao marido ainda conseguiu balbuciar um pedido__
:-renova a tarifa das 12 horas, não posso pagar tudo__e, querido__está à vontade, liga o vídeo que gemidos sempre me serviram de embalo.

quinta-feira, agosto 04, 2005


quando o telefone toca (amarguinha I)
cheguei ao trabalho atrasada depois de uma semana em casa. motivo: nojo. ela tinha morrido. tentando aparentar algum aprumo, inteirei-me do projecto x. y. z.; em todas as reuniões começava por dizer______estive fora: ela morreu___e ansiava pelo momento de contar detalhe por detalhe como foi, o que senti, o que consegui fazer, o que ficou no buraco negro da herança. rapidamente ouvi uma frase feita seguida de outra magnifíca para introduzir a mudança de tema e afugentar a oportunidade. mantive-me aprumada e concentrada. sozinha não me atrevia a pensar que ela tinha morrido. tentei as tipas mais coscuvilheiras lá do sítio mas alguém tinha trazido um daqueles catálogos de cosméticos com muitas novidades para a mudança de estação___
no café almirante depositei a minha esperança, a troca de palavras simpáticas dirigidas a uma cliente habitual, a pergunta por onde tem andado, a resposta introdutória do discurso prestes a parir e a entrada de um grupo de malta enchendo de alegria o ar, abafou a atenção depositada em mim.
voltei para o trabalho, pensei que o melhor seria ligar a alguém, mas num gesto obsessivo digitava sempre o número dela.
mas lá pelas cinco da tarde o meu telemóvel tocou e uma voz muito simpática contou-me que estava a fazer um estudo sobre hábitos de consumo__________ e eu agarrei a oportunidade.

segunda-feira, julho 11, 2005

o prémio da tartaruga
não resisto a partilhar
num dia de trabalho passado numa nossa organização mais pública menos privada, descubro que a política de motivação dos colaboradores é elevadíssima_______
se qualquer menino ou menina não é promovido durante 3 anos recebe o prémio da tartaruga___ um dinheiro extra, tal qual !!! (Bommmmmmmm)
Com a boca fechada de pasmo comandada por um neurónio do tipo já nada me surpreende, alegremente resolvo investigar no final do ano quanto soma os prémios da tartaruga____________________________
Só um estado tão flexível e humano como o Nosso está apto a tão louvável atitude___por esta razão é que sigo o seu exemplo, e contribuo assiduamente, continuamente e mentecaptamente para que este igualmente receba o seu tão merecido prémio da tartaruga.

sábado, julho 02, 2005

Avenida de Merda
coberta de pó levantei o braço, retirei a caneta agarrada à secretaria por teias de aranhas tão belas e escrevi-te___
a ideia era acordar-te com um beijo depois do cabelo lavado
não reparei no morcego que assustado com a água me atacou e entonteceu.
bochechei várias vezes com reach pois mordi a gengiva com medo.
mais tempo perdi, na explicação ao morcego que este não iria perder a casa só um pouco de atenção.
quando pronta estava e me aproximei de ti__deves ter sentido um cheiro a cadáver__viraste-te para o outro lado ficando a repousar no lado quente da cama um deixa-me dormir .
sem remedeio, saí para a rua de cabelo lavado na procura de tabuletas ___como amestrar o seu morcego_____
encontrei outros iguais a mim, gente à procura de tabuletas___fartei-me de repetir______faça favor de entrar, estava primeiro!!
não suportando a indiferença o morcego abandonou-me. sem remedeio e sem morcego encontrei outros iguais a mim, gente à procura de tabuletas______como viver sem o seu morcego.
foi só aí que descobri que estava numa avenida de merda. até tinha penicos e mandarins.

voltei a casa e deixei-te um bilhete :o cheiro não era a cadáver era a merda. a cidade está cheia de avenidas de merda. mudei-me para o campo.

quarta-feira, junho 29, 2005

Procurei-a.
Onde se terá resguardado esta mulher da chuva imaginária. Os seus pés na areia estavam circulares e a rebentação das ondas desviava o olhar para longe. Como aquela página que se lê e lê e volta a ler sem conseguir ler nada. Sabemo-nos no lugar errado para a procura. Algo estranho domina o nosso corpo e diz-se psicossomático. Ou talvez exista uma alma algo perdida deambulando a noite extrema a fronteira. E essa vagabunda é apenas tudo. Um assomo de vontade férrea atómica tão invisível quanto verdadeira e poderosa. A palavra feita um gesto de impossibilidade daquilo que nos é consciente. Que porcaria devia estar eu a fazer agora. E nada posso. Mas ouço o mar sempre o mar como se estivesse encostado com o ouvido a um búzio. Afinal a praia inventei-a e não sei de nada nem ninguém.Onde foi aquela mulher amante de fim de tarde e de varandas. De livros e sexo. Fuma-se um cigarro sempre um cigarro quando não se sabe o que escrever e julgamos poder escrever. Mas ouço o mar sempre o mar e sozinho em círculos consumo-me afogado nesta chuva imaginária. Mais uma humidade tensa e espessa que se abate cinzenta e redutora sobre a tarde. Mas o mar sempre o mar. Um mar profundo e ao longe o gemido de baleias.Onde estará a palavra sentido.
Wilson T
(saudades. podia dar-te mais vezes__sorriso com um beijo)

quinta-feira, junho 09, 2005

No Botsuana pensei em casar

No primeiros tempos pensei que ficaria a plantar melões. Talvez comprasse uma loja e convidaria os amigos para me visitar.
Todas as manhãs poderia pensar e sentir pena das pessoas que andam sempre a correr de um lado para outro , ansiosas com coisas que de qualquer maneira vão acontecer. Eu por mim tinha ganho a calma de ver o gado a pastar.
Numa réstia de energia, pedi emprestada uma carrinha e resolvi visitar o Bapedi. Recordava o Bapedi__a fumar. Recordava o Bapedi__ a pedir-me em casamento.
Encontrava-me nem a meio do caminho, quando uma cobra se atravessou na estrada. Uma cobra verde. Parei. Nem sinal da merda da cobra. Estaria na carroçaria ? só me vinha à memória histórias de pessoas que tinham quinado ao volante com uma mordidela “cobral”.

A estrada sossegada acolheu o meu desassossego por longos minutos. Finalmente abri o capôt com todo o cuidado. Lá estava a Naja enroscada no motor. Entrei a tremer e carreguei no acelarador com a perna a tremelicar. Heroína , cortei a naja com o motor a acompanhar o meu temor como um tenor especializado em rugidos queixosos.

E num repente pensei em ter um marido para me proteger e dar cabo de todas as cobras que se me atravessassem na estrada_______
e acabei a rir
a imaginar-me a chegar perto do Bapedi muitos anos depois______ a gritar_____Sim Sim.

sábado, abril 16, 2005

Tanto tempo à tua espera, Tempo
Traz um tinto para jantar
as flores intransigentes

não querem mais perder o viço
Traz um arrepio de frio
com direito a um aconchego
a um eu que me esqueci
que ele quer acordar sem pressas
a recordar um Lopes Graça
dissonância da infância
onde não houve cambalhotas
nem a aprendizagem do pino
porque ninguém me segurou os pés lá no alto
e eles hoje pisados de tanto chão
cantam aos olhos enevoados que o Tempo
hoje vem para cear___


(momento de entrega do último trabalho de mestrado, com comemoração inundada de tinto no sangue)

domingo, abril 03, 2005

nascimento

MG
prenda para a divas e contrabaixos.
hoje faz 5 anos que duas Divas se deitaram pela primeira vez no colo da Divas Mamã.

segunda-feira, março 21, 2005

estes desenhos não são meus a hemorragia sim

Não quero iludir ninguém. Este blog não é um relato pessoal do tipo descritivo mas não deixa de ser pessoal.
Um vez por semana MG oferece-me um desenho___no âmbito de uma coisa chamada terapia pela arte. Com a sua permissão, estão neste blog e ficamos ambos contentes.

Eu me confesso. sou uma nulidade a desenhar (entre outras coisas e outras não).
Em jeito de síntese___os desenhos não são meus mas a hemorragia derivada da extracção de um daqueles dentes que não servem para nada é minha. Senti necessidade de também a partilhar convosco. Algo só meu__________(oh Xavier! deixa o Garcia e diz-me:- se não estancar o que é eu faço ?)__________

domingo, março 20, 2005

deixar-se amar

mg

sábado, março 19, 2005

Claro

mg


sentires a preto e branco _______vão começar.


escrita solta

Pendurei a carteira num dos ramos.
(se a abrirem descobrem onde guardo as desventuras.)( não argumentem que se a mala é pequena as desventuras também o serão) (ah_ ainda não acreditam que o tempo da lógica acabou__)

sentia as pernas bambas e resolvi balouçar em ti. Ervilha híbrida, chamaste-me tu, de tão contraída estar.
E eu imaginei-me ervilha, e recordei que podia deixar para mais tarde o recordar__

-Sheila , adormeces _____

e penso que pensei por raio ainda fazias este tipo de perguntas à tua ervilha híbrida ou sheila ou como te lembrasses de me chamar .

e tudo isto aconteceu num estado de exaustão.
adormeci contigo dentro de mim como gostas de me adormecer. como eu gosto de te acordar.

Bom dia. Voltei.

quarta-feira, março 16, 2005


Erro judiciário. acontecem muitos. aconteceu-lhe a ela. a prova foi encontrada em sua casa.
era demasiado menina para perceber. As investigações começaram.
acabariam quando ela também acabasse.

Na chamada prisão, esteve algum tempo. no inicio isolou-se na cela. escondeu benzodiazepinas no bolso e os primeiros dias viveu com elas, para contemplar as grades com compreensão.
Teve sorte com a companheira de cela. a capacidade de alienação tomou conta delas. criaram histórias e sustinham o riso. porque ali não era sítio para rir.
Amavam-se mas não eram amantes. Os seus homens acreditavam piamente na sua inocência mas não queriam perder a deles. Fizeram uma primeira visita. depois deixaram-nas a andar nos corredores na hora da visita. Tentaram arranjar uma explicação e chegaram à conclusão que fazer exercício faz bem.

Ela não demorou a sair. o tempo como tantas outras coisas é relativo. ordem de prisão domiciliária.
à companheira de cela chegou ordem de transferência para outras grades que ajudam a morrer mais rápido.
Despediram-se como se nada fosse. Habituadas à alienação, nada ousaram dizer.
Ficou um último olhar que dizia de um lado:
- prepara-te se um dia tiveres que voltar.
Do outro lado,
- que a morte te acarinhe.
Todos os anos é ela que tem que marcar o encontro com os Srs. do erro judiciário.
Percebe que é mais um elemento de uma amostra aleatória em que aquela frase batida
“ confirma-se a Hipótese 0 com um alfa de o,o5 “ poderia constar na biografia dela.
Ou se escrevesse um livro o título seria Eu e o Alfa.

O encontro é esta semana. Lá vai ela. Já não é menina. tem medo de ter perdido a capacidade de alienação e entrar mar adentro enquanto o corpo ainda é seu.

segunda-feira, março 14, 2005

Blog de notas deu-me uma prenda.

Troncos (versão poética)
(Com o mote de/para Louise)
até quando tronco..."

enquanto esquecido,
o tronco
sossega embora nu
até que a água caia,
gota a gota,
e o envolva
quente____mente
até que o tronco
se transforma em corpo
ondulante,
explosão de prazer
ângela marques

domingo, março 13, 2005

Vejam as diferenças

foi o Nunen Sting que pintou.

por uns momentos. fiquei zangada. muito zangada. mas afinal, quem é que tinha entrada em minha casa pela manhã, quando o tempo é só meu...
o meu ritual. música com um mergulho na piscina para mergulhar no mundo. Quem ousou agarrar o meu momento.
Por tua causa despedi a Antónia e o Francisco, empregados novos cá na casa. depois coloquei os óculos graduados.
Fez-se luz. percebi que não era eu. mas…. ainda vamos ter uma conversinha!!!!Ai, ai, ai.

segunda-feira, março 07, 2005


(não me lembro de quem é o(a) autor(a)

o meu olhar anda longe desta casa.
falta pouco para me mover, será que ainda me reconhecem ?

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

um beijo especial
para a Eugenia e Soledade.

tvcallas
Falamos de fazer amor. Inventamos as nossas vidas anteriores. Esquecêmo-nos de tudo.A Teresa é o meu amor. Eu sou o amor dela. Damos as mãos. Não fazemos mais nada. Mas não reparamos. Não vamos a lado nenhum. Não podemos. Mas mesmo que pudéssemos, não iríamos. Não fazemos planos. Não temos. Estamos juntos de vez em quando. É a única coisa com que nos importamos: estarmos juntos de vez em quando, como agora estamos.Dois velhos ou nem dois velhos sequer. São nove horas da noite. Cada um no seu quarto. Ela não me ama como eu a amo.Mas eu também não a amo como já amei. Mas falamos como se nos amássemos mais do que nunca. Nada mais é importante. Nove horas da noite. Ninguém.O meu coração morre sozinho, como Deus quiser.

domingo, fevereiro 13, 2005

__Rosa dos ventos em tempos de crise___

norte
o cansaço amargo. monte. escalada. fel. tonta chego à auto-estrada para a___

sul
descansar na esperança. o embalar do norte. quente enroscada na manta. acordar a ___

este
na baía das metamorfoses. O prazer de brincar ao eu, ao rebuliço de ser e saber que a__

oeste
ainda me chamo Marjani. (Só a oeste mas__) ainda me chamo Marjani.


Marjani: nome africano___Coral

a-b-a

a-pessoas que acreditam que têm sempre razão são obtusas, cegas, burras. isso. são burras
b-tens a certeza?
a-absoluta.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

O que quer dizer para ti quarta feira _______

Quando ela me mostrava a fotografia. Eu olhava e fingia que via. Foi assim durante um ano. Agora acabou. à quarta feira, ainda sinto o chamado murro no estômago, depois________respiro de alívio.
Ela já está há dois anos com Metadona, aprendeu a mentir. ainda não desaprendeu. passeia em Serralves aos domingos e diz que ela e marido não perdem uma exposição.
A menina da fotografia tinha 5 anos e um dia morreu de overdose com as doses de metadona dos pais. O meu papel consistia em desenvolver competências técnicas para integração no mundo do trabalho. Era o meu trabalho. Era. Foi. Eu pensava que o conseguia fazer melhor. Não sei quanto transpareci a rejeição do meu corpo. ele não se deixou controlar . fez bem. Hoje vou-(me)(lhe) oferecer uma quarta feira diferente.

Um sorriso
A todos que ainda passam por este espaço abandonado_______desarrumado____ .

( por minutos o blog desapareceu___tivemos que utilizar o último template que tinhamos guardado...)

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Voz off
A louise acabou de telefonar à thelma para saber a password deste blog.......preocupante.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Não cheiro a Cebola

Aconteceu na sexta feira. Rabiscava no pensamento uma forma atractiva de prender os ouvintes à minha história. Uma história sobre mudança e liderança. Falaria na 2ª parte. O que não veio acontecer. No intervalo pedi desculpas. lamentei o facto de ter de me ausentar.
Voltei para o Porto e passei pela minha farmácia, não podia viajar sem anti-histamínicos (muitos de nós temos a nossa farmácia, tipo igreja no cuidar da maleita) . Facilmente percebi que umas horas de voo sem fumar ainda se aguentam, dias sem fumar, não. Pegar num cigarro numa altura menos apropriada , poderia equivaler a um tiro certeiro. Adicionei aos anti-histamínicos, pensos de nicotina.
O saco. Sou péssima a fazer sacos. Gosto de consultar o boletim meteorológico. Procurei o bom senso no meio de calçado confortável. A liberdade de nada ter que condizer com nada.
Lá ninguém me esperava.

Não tirei uma única fotografia.
Na procura.
Às vezes pensava que era uma cebola. é uma imagem caricata. Via-me a descascar a cebola. os olhos irritados choravam. Dependia da camada. Quando pensei em nascer. Deram-me (deram?) 3 camadas. endoderme, ectoderme, exoderme. Não me lembro já muito bem se estes eram os nomes. Hoje não sei quantas camadas tenho. Mas sei que a ectoderme sempre me lixou a vida. a justiça não funcionou, nem uma penhora consegui. Consegui foi arranjar um bode expiatório___nada mau. A filha da mãe da Ectoderme.
Na Procura não tirei nenhuma fotografia. Consegui andar à solta no ambiente hostil. por momentos arranjava um canto para descansar. Aí até me esquecia da imagem da cebola.


Voltei hoje. Até posso dizer, voltei ao sétimo dia
Dormi 2 horas. às 8H da matina conduzia no trânsito do Porto e voltei ao meu trabalho. Oferecer, dar ou inventar explicações, trabalhar com mais ritmo. A Escrita por aqui vai ter que ser ainda mais lenta. Ou não.

Respiro melhor. respiro muito melhor.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

4.1

contas-me
que dancei
na sala
que fechei as persianas

“murmuravas palavras
sem língua oficial
com sabor a doce”

(___agridoce homem doido)

“levantaste os tapetes
sacudiste a poeira
os teu olhos opacos
desempoeirados se tornaram
\doces, meu amor”

(___agridoce homem doido)

“ e depois feita doida________”

(doce homem___ amor)

nada acontece... ou existe uma rã em mim?

Existe uma desatenção à mudança. ou a mudança é radical ou a mudança incremental que nos vai acompanhando é imperceptível.
frequentemente ouço lamentos e pedidos ansiosos:
será este ano que algo vai mudar na minha vida ?

faz-me recordar a história da rã:

Se uma rã for colocada num recipiente com água quente, ela imediatamente saltará para fora desse recipiente. Se, em vez disso, for colocada num recipiente com água fria, que vai sendo aquecida gradualmente, a rã não será capaz de detectar a acumulação de pequenas alterações. Acabará por morrer. (Weick, 1979)

mudanças invisíveis________

terça-feira, janeiro 04, 2005

Novo Amigo

o meu novo amigo________chama-se trojan. Spyware, trojan.
prometo voltar depois do divórcio.

ahhhhhhhh a minha surpresa_______ sorriso ao Almocreve das Petas.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

...........
repenicadora de beijos. escreves no caderno de notas depois de saborear as tuas rugas na boca. não julgues tu, que as quero alisar. só estava a tornar a minha vida mais doce. era puro egoísmo sem maldade.
e depois___homem__ estavas com as rugas mais vincadas do sorriso___
enquanto escrevias no teu caderno de notas___
a vida é larga (ainda que seja curta e às vezes estreita…)

(a minha musa inspiradora__hoje foste tu__ foi sem querer__aconteceu__foi por gostar de rugas.___foi por querer__foi por gostar do que escreves.)

ter e ser II

Deitada caminho.
Durante o dia. giro e rebolo sobre o tempo.
nascem crianças e deixo-as em casa sozinhas.
como uma mãe marcada pela ausência a Ama apodera-se de tudo que é tão pouco____ pouco a pouco.
Sejam as crianças poemas, gestos de amor, ligações, ideias. Sinto a fome alheia. Distraída pela autoridade ,só às vezes sinto__ e aí choro.
As Amas olham-me com condescendência. E cantam:

já não sabes rir alto
sombra de ti
olha o meu vestido rosado
sombra de ti

rebolar é um desporto. Existem campeonatos.
campeonatos silenciosos entre o ter e o ser.
não jogamos no mesmo campeonato. Esta aposta fodida não vos dá água na boca.

____________________

depois de um beijo para o Jorge, depois de ter e ser :
pode-se caminhar deitado. na verdade é pouco o avançar e os braços caídos vazios mostram da paisagem a aridez e o avanço estéril. quando se repetem os círculos e o vemos ao passar por nós aquele conhecido tronco de árvore morto celebramos a inventar percursos e a fingir progressos. marcamos datas e pintamos no ar cores garridas que cheiram ao longe a falso mofo, a vinho podre. os mitos rotos que sangram riem-se e nessa luz se revela a pequenez do nosso inventar, este quase nada, tanto e tão pouco, tempo. em silêncio. sempre sempre o ter e nunca nunca o ser. que fodida aposta!

domingo, dezembro 26, 2004

Dois cadernos

dois cadernos___a prenda

e a dedicatória___ ?

I
Dois cadernos. Duas pessoas. Acredito que os homens devem viver o seu destino. Aquele que constroem. Ortega y Gasset diria que aquele que foge ao seu destino é um suicida em pé. Acredito que as pessoas podem e devem ser felizes. Todas.

II
Dois cadernos. Duas cores. Cores carregadas de viver. Pessoas. Tristeza e alegria. O ser humano. Mais escuro, caderno, mais claro, alma. Menos claro, alma, menos escuro, caderno. Gosto da cor laranja. Como a vida deveria ser.

III
Dois cadernos. Duas aventuras. Considero a nossa existência uma aventura numa montanha-russa. Só descemos algumas vezes. Com grande velocidade. Sentimos medo. Natural. Humano. A irracionalidade em todo o seu esplendor. Gosto de descer. E de quando em vez, não é mau. Mas ainda mais de subir. Sentes uma alegria enorme quando sobes. Como a intensidade do romantismo de Chopin.

IV
Dois cadernos. Duas originalidades. Ansiando pela estreia. Indivíduos. Sem relações de afecto. Relações. Interpessoais e com canetas. Cadernos com sentido. Pessoas com mais sentido. O meu sentir, dedilha o Ricardo Rocha. Estou de acordo. Somos um povo de saudade. Que não se personaliza. E ainda falamos de certas pessoas insulares. Sem comentários.

?